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As repercussões na vida adulta do abuso sexual que ocorre na infância ou na adolescência

O abuso sexual é uma experiência que acontece normalmente na infância e adolescência, que interrompe o curso natural do desenvolvimento psicossexual de uma vida.

O que é abuso sexual?

É considerado abuso sexual todo ato de estímulo verbal, vídeos, exposição do corpo do adulto com a intenção de envolver a criança em um contexto sexual, toques nas partes íntimas do corpo de uma criança ou adolescente realizada por um adulto para a obtenção de sua satisfação, de suas demandas sexuais, usando como objeto de prazer uma criança ou adolescente, que não tem a capacidade formativa de dar o seu consentimento.

As estatísticas mostram que a recorrência de casos de abuso sexual pode-se considerar uma crise de saúde e segurança pública. Indícios apontam que esse crime acomete muito mais vítimas do que as denúncias registradas, ou seja, a probabilidade dos psicólogos receberem um adulto que foi abusado sexualmente na infância ou na adolescência é muito alta.

Os envolvidos no abuso sexual

Na maioria dos casos de abuso sexual o abusador é um membro ou amigo da família, uma pessoa normalmente prestativa, atenciosa, alguém da confiança da criança ou do adolescente.

Pesquisas apontam o pai sendo normalmente o autor do crime, uma figura que deveria proteger e garantir um ambiente seguro e favorável para o desenvolvimento da criança e do adolescente é quem a coloca em risco, a ameaça, interfere e atua de forma disfuncional, comprometendo o processo de desenvolvimento da vítima.

No cenário do crime encontra-se o algoz e a vítima. O algoz claramente sendo enquadrado como o criminoso e com a saúde mental comprometida, com uma história de vida que talvez explique o ato, mas nunca justifica. Precisa-se discutir muito uma ação eficaz para interromper a repetição dessa crueldade.

Do outro lado uma vítima que desde a primeira fase do ciclo de vida é acometida por esse tipo de fatalidade. A criança ou adolescente esperam poder estabelecer um vínculo de confiança com quem está no papel de garantir a segurança dela, em busca de afeto encontra a estranheza, a violação do seu direito de criança e de adolescente, de crescer sem a interferência sexual de um adulto.

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Impacto na vida adulta de quem sofreu abuso sexual na infância ou na adolescência

O que é possível observar na prática clínica são adultos que constroem barreiras, alguns condicionamentos, que podem ser apresentados em forma de depressão, síndrome do pânico, envolvimento em relações pessoais e profissionais de forma abusiva ou uma paralisação no ciclo vital, devido à raiva que sente de si mesmo, por não ter conseguido se posicionar.

A razão compreende que a responsabilidade é do abusador, mas o emocional fantasia que podia ter feito algo, que podia ter impedido a violência intencional do adulto.

A ferida do abuso sexual costuma sangrar de forma aleatória, sangra e respinga em outras relações, o olhar para as relações na vida adulta se confundem, o discernimento fica distorcido, o sentimento de não merecimento é recorrente, a dificuldade de se posicionar e o lugar da vítima costuma se repetir em outras situações na vida adulta.

Quem procura ajuda psicológica, o abusador ou a vítima?

Na grande maioria quem procura ajuda é o adulto que foi vítima de abuso sexual na infância ou adolescência, não costuma chegar no consultório com a queixa do abuso em si. As questões frequentemente são as apresentadas acima, para que o tratamento tenha resultado satisfatório, o psicólogo no manejo terapêutico precisa investigar e aprofundar a causa do sintoma.

O abusador costuma negar o ato criminoso, normalmente o abuso é mantido em segredo, muitas vezes fica impune. Mas quando o segredo é revelado e reconhecido, podem procurar ajuda, não costumam se comprometer no processo terapêutico, o discurso deles tende a ser acompanhado pela não responsabilização do ato.

O que o psicólogo pode fazer para ajudar a vítima de abuso sexual?

O psicólogo precisa perceber os sinais no comportamento e na forma da pessoa se relacionar no contexto familiar, profissional e social. Normalmente o paciente relata envolvimentos em relações abusivas, se sente vítima em situações de conflitos, não se sente merecedor de uma vida satisfatória, a raiva facilmente é acionada em contextos adversos, dificuldade de realizar projetos pessoais, profissionais e dificuldade de estabelecer vínculos de confiança.

Quando o psicólogo consegue identificar que o sintoma apresentado tem correlação com um abuso sexual sofrido na infância ou na adolescência, o manejo terapêutico deverá ser estrategicamente planejado para ajudar o paciente a transformar o “limão bem azedo em uma limonada doce”.

Conclusão: A cura é possível?

O ato do abuso sexual sempre será um assunto indigesto, mas é preciso falar sobre, pensar em formas de tratamento, ressignificação, os psicólogos podem ajudar no processo terapêutico da vítima. A mesma não pode impedir que o crime aconteça na infância ou na adolescência, mas na vida adulta ela pode escolher estabelecer relações respeitosas.

Acredito que o sucesso do tratamento esteja relacionado com o processo de cicatrização e superação. Uma ferida pode cicatrizar e ficar a marca da cicatriz, ao tocar em uma ferida aberta ela sangra, ao tocar em uma cicatriz você não sente, mas sempre saberá de onde veio.

A vida coloca as pessoas de joelhos, as fatalidades acontecem sem justificativas, na vida adulta o paciente pode escolher continuar de joelho ou levantar e seguir em frente, pode ser que ele peça ajuda de um psicólogo, por isso é um assunto que merece muita atenção, dedicação e aprendizado, para quando se deparar com um caso de abuso possa ter recursos e ferramentas para utilizar no tratamento.

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