Com o diploma do curso de Psicologia em mãos, sentada na biblioteca da universidade, ao terminar de redigir o meu primeiro curriculum, fiz aquela pergunta clássica a mim mesma: – E agora? Por onde continuar ou começar um trabalho ao terminar a faculdade? Sem mencionar a insegurança, as incertezas, dúvidas e medos a respeito do mundo do trabalho, que era abstrato para mim naquele momento.

Com minhas dúvidas e em busca de solução, resolvi aproveitar que estava com um computador à frente, acessei minha caixa de e-mail, encontrei uma mensagem do CRP (Conselho  Regional de Psicologia) que divulgava uma vaga para psicólogos em uma empresa de Guarapuava, para trabalhar na área de Recursos Humanos.

Considerei minhas necessidades e urgências, sem nenhuma pretensão e resolvi submeter o meu curriculum à vaga, apenas com a intenção de conhecer um processo seletivo. Logo depois recebi uma ligação e um convite para participar de uma entrevista. A psicóloga responsável pela seleção? Eliza Swiech Távora.

Ao final do dia, após cumprir as etapas do programa, uma possibilidade se tornou uma primeira oportunidade de trabalho. Dois dias depois fui morar em Guarapuava para iniciar um trabalho, carregando comigo apenas o necessário.

Eliza recém casada em uma cidade que também era nova para ela, um solo de disponibilidade para construção de um vínculo, muitos encontros e caminhadas, para falar de trabalho, mudanças, adaptação, dificuldades e desafios, acabamos nos tornando amigas.

Um ano e meio depois Eliza foi madrinha do meu casamento que aconteceu em Maringá, na minha cidade natal. Após a cerimônia eu fui morar em Cabo Frio  no Rio de Janeiro. Seguimos conectadas apesar da distância, sempre que possível conversávamos por telefone e nós visitávamos mais esporadicamente.

Novamente me deparo com a pergunta: – E agora? Como me inserir no mercado de trabalho em uma região totalmente desconhecida para mim? Iniciei uma pós-graduação em Psicologia Clínica em Niterói e surgiu a possibilidade de realizar atendimentos clínicos em Cabo Frio.

Após dois anos, mudei para o Rio de Janeiro capital, nessa época recebi a notícia que a Eliza estava grávida, em seguida descobri que eu também estava grávida. Iniciamos a nossa família nuclear no mesmo período, nossas filhas mais velhas têm um mês de diferença de idade. 

Em 2010, na tentativa de responder aos meus questionamentos de como fazer para conciliar casamento, filho, família e trabalho, iniciei a formação em Terapia Familiar Sistêmica, no Instituto  Núcleo Pesquisas, ministrado por Moisés Groisman.

Em uma visita que eu fiz à Eliza em Joinville, comentei sobre o curso, ela  ficou interessada e logo depois iniciou a sua formação. Passávamos horas conversando sobre nossas experiências e encantamento por nosso processo de aprendizado.

Em fevereiro de 2019 outra mudança na minha vida: saí do Rio de Janeiro e vim morar em Portugal. Como atualmente a comunicação está mais acessível, eu e Eliza seguimos compartilhando nossas vivências, alegrias, tristezas e aprendizados.

Nesse movimento de troca nasceu o desejo em comum de realizarmos um projeto juntas, um tempo e espaço que pudesse estimular o crescimento e desenvolvimento de outras pessoas, que contribuísse para o despertar na vida pessoal e profissional.

Formatamos um curso introdutório de Terapia Familiar Sistêmica e ministramos para um grupo que estava sendo supervisionado pela Eliza, nesse encontro ela estava presencial com os alunos e eu em videoconferência. 

Um passo foi levando a outro, no processo de criar e explorar a criatividade decidimos desenvolver o projeto do Instituto Originalità. Nosso desejo de trabalharmos juntas foi anunciado em junho de 2004, quando no final do processo seletivo a Eliza disse ao diretor da empresa: “Se eu tivesse que escolher uma das  três finalistas para trabalhar comigo, eu escolheria a Fernanda”.